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Ata reforça viés de queda lenta da Selic

Prudência e canja de galinha...Nunca um ditado secular falou tão alto em momento delicado para a política monetária nacional, como retrata o tom pra lá de cauteloso adotado pela Ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgado nessa terça-feira (14) pelo Banco Central (BC).

A despeito da divisão patente inédita dos membros do colegiado quanto à 'dosagem' de queda da Selic (taxa básica de juros), na reunião da semana passada, ficou bem claro entre seus pares que a tendência, daqui em diante, é de "uma política monetária contracionista, cautelosa, o que elimina a tradicional indicação prévia de 'viés' dos juros".

Na tentativa de recuperar a unidade de discurso - desgastada pela tensão interna crescente, à medida que se aproxima a troca de Campos Neto no comando da autoridade monetária - os integrantes do comitê recorreram ao manual tecnocrático, segundo o qual "a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo 'firme compromisso' de convergência da inflação à meta".

Tal postura prudencial se materializou na decisão de reduzir, pela primeira vez, em 0,25 ponto percentual (p.p.) a Selic (agora a 10,50% ao ano), interrompendo um ciclo ininterrupto de cinco meses seguidos de corte de meio ponto percentual.

Sem tocar diretamente na incerteza fiscal, a ata admitiu que "os dados de atividade econômica surpreenderam nos últimos trimestres", mediante a "resiliência da atividade doméstica e a sustentação do consumo ao longo do tempo, em contraste com o cenário de desaceleração gradual originalmente antecipado pelo Comitê". (M.S.)