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Saída de Prates provoca nova 'sangria' na Petrobras

Interferência estatal produz nova sangria no valor de mercado da maior empresa brasileira | Foto: Agência Petrobras

Por Marcello Sigwalt

E a crise de dividendos teve seu 'repeteco', desta vez, poucas horas após o anúncio da saída sumária do CEO da Petrobras, Jean Paul Prates (e do anúncio da queda de 38% no lucro do primeiro trimestre do ano (1T24), para R$ 23,7 bilhões), que redundou em nova perda 'cavalar' de R$ 50 bilhões, em valor de mercado da maior empresa brasileira, nesta quarta-feira (15).

A nova sangria é a segunda sofrida pela estatal, cujo valor já havia caído outros R$ 55 bilhões, há pouco mais de dois meses, quando o Planalto se negou a pagar os republicanos dividendos devidos aos acionistas que sustentam a petroleira.

Para analistas de mercado, a nova investida do Planalto deixa claro que o mandatário prosseguirá 'forçando uma queda mais rápida da taxa básica de juros (Selic), a fim de aquecer a economia e as pesquisas de aprovação de seu governo, à medida que se aproximam as eleições municipais, primeiro teste das urnas de seu mandato, pouco antes da substituição do desafeto Campos Neto no comando da autoridade monetária, no final de 2024.

A defenestração de Prates das hostes petistas foi logo precificada pelo mercado, com as ações preferenciais da petroleira (PETR4) 'despencando' mais de 8%, enquanto as ordinárias (PETR3), com direito a voto, recuavam quase 10%, logo no início das negociações da sessão.

Um dos maiores bancos de investimento do mundo, o Goldman Sachs foi taxativo em relação à mudança de cadeiras na estatal: a notícia é negativa.

"Com base em nossas conversas com investidores, acreditamos que o mercado viu o sr. Prates como um bom conciliador entre os interesses dos investidores e do governo. Além disso, acreditamos que o anúncio poderá reacender preocupações relativamente a uma potencial intervenção política nas operações da empresa", assinalaram o analista Bruno Amorim e equipe.