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Amec: governança da estatal deteriorada

Interferência na Petrobras está na raiz da 'desgovernança' | Foto: Divulgação

"Deterioração clara da governança corporativa e sinais generalizados de falta de independência do conselho de administração".

O petardo de precisão foi disparado pelo presidente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec), Fabio Coelho, ao 'ecoar' a visão dos investidores minoritários, segundo a qual, mais uma vez, o governo descumpriu formalidades que cabem às empresas de capital aberto, no caso de mudança no comando da petroleira.

"Acompanhamos os assuntos estatais não é de hoje e o que vemos é a deterioração clara da governança corporativa e sinais generalizados de falta de independência do conselho de administração", criticou Coelho, para quem falou clareza (por parte do Executivo) para explicar, tanto a investidores, quanto aos meios oficiais, "os motivos para a saída e a entrada dos presidentes executivos da companhia".

"Sem isso, a percepção de risco é muito elevada, os planos de investimentos podem ser comprometidos e parece haver mais uma rodada de interferência inadequada em assuntos iminentes", afirma o dirigente da Amec, que reúne 60 investidores institucionais (locais e estrangeiros), com mandatos de investimento em ações que totalizam R$ 900 bilhões.

Como o anúncio da troca de comando da petroleira foi o inverso do que ocorre, normalmente, com empresas privadas, a consequência imediata foi percebida, nessa quarta-feira (15), no preço das ações e de seu valor do mercado, com perdas de 6,73% e de mais de R$ 35 bilhões, respectivamente.

Entre os ingredientes do caldeirão em que o ex-presidente Jean Paul Prates foi fritado, constam divergências - como o uso político do gás natural, em vez de sua reinjeção nos poços, a título de aumentar a produção de óleo - assim como a destinação de parte do faturamento da estatal para subsidiar o preço dos combustíveis, para alegria do consumidor-eleitor, enquanto a eleição municipal não chega.

Em que pese as barreiras estatutárias, a governança da estatal também foi afetada pelas proteções definidas pela Lei das Estatais, endossadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que contribuiu para tornar mais incerto seu futuro. (M.S.)