Por Marcello Sigwalt
Como confirmação à 'temida' retomada do ciclo inflacionário tupiniquim, a previsão do boletim Focus - consulta semanal do Banco Central (BC) às 100 maiores instituições financeiras nacionais - do IPCA (índice oficial de inflação) para este ano voltou a subir, desta vez, de 3,76% para 3,80% (há quatro semanas, esta era de 3,73%), assim como para 2025, que passou de 3,66% para 3,74%. Para 2026 e 2027, a projeção se manteve em 3,50%.
A conclusão óbvia é que as taxas inflacionárias cada vez mais distanciam do centro da meta de inflação (3%), enquanto se aproximam do teto desta (4,5%), conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Na mesma 'toada' ascendente, a estimativa da banca para a Selic (taxa básica de juros) cresceu de 9,75% ao ano 10% ao ano, marco simbólico do retorno aos dois dígitos, o que reforça o viés de cautela da autoridade monetária quanto ao ritmo de corte da taxa e, até mesmo, representar o fim deste, enquanto não houver sinal de recuo da inflação. Em contraponto, a estimativa para o ano que vem 'estacionou' em 9% ao ano, mesmo patamar para 2026. Para 2027, esta cresceu de 8,63% para 9% ao ano.
Para efeito de política monetária, a estratégia da autoridade monetária, no sentido de conter a alta dos preços, é no sentido de garantir que a inflação se 'encaixe' na meta do ano que vem, e pelo critério de 12 meses, até meados de 2025.
Enquanto a inflação e os juros se elevam, o PIB (Produto Interno Bruto) faz o caminho inverso, retrocedendo de 2,09% para 2,05%, ao passo que se manteve a previsão de 2% para 2025 (pela 23ª semana seguida), para 2026 (há 41 semanas consecutivas) e para 2027, há 43.
O dólar deve chegar, ao cabo deste ano, a R$ 5,04, em lugar dos R$ 5 anteriores. Para os demais anos, a estimativa anterior foi mantida: R$ 5,05 para 2025; R$ 5,10 em 2026 e em R$ 5,10 para 2027.