Por Marcello Sigwalt
Bem além da deterioração fiscal 'em marcha' - devido à voracidade de gastos, que anula os ganhos expressivos de arrecadação federal - o grau elevado de incerteza decorrente de conflitos geopolíticos do planeta ou a indefinição dos juros ianques pelo Federal Reserve (Fed), o bc dos EUA.
A mais nova variável que ameaça o 'suado' controle da inflação tupiniquim é a hecatombe climática (carente de explicação científica convincente) que acometeu o Rio Grande do Sul.
É o que adverte o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao fazer um diagnóstico sintético da situação do estado: "Apesar de a safra de arroz já ter sido colhida, teve o problema de o solo ser danificado, de a logística ser danificada... aveia, arroz e trigo são as coisas que mais afetam o IPCA", ao ressalvar 'ainda não ser possível dimensionar o impacto dos alagamentos'.
Ao observar que, no cenário global, 'países com perspectiva de menor inflação para 2024 e 2025 têm preço da alimentação mais controlado', o dirigente do BC admitiu que o custo de reconstrução do estado gaúcho certamente impactará o quadro fiscal nacional, pois, "em qualquer parte do mundo, se o fiscal não estiver ajustado, os banqueiros centrais do mundo terão mais trabalho".
Frente à calamidade sulista, Campos Neto lembra que a escalada altista dos alimentos pode ser medida pela importância econômica sul-rio-grandense: 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país; 12,7% do PIB do agronegócio; 99% da safra brasileira de canola; 73% de aveia; 71% de arroz; 45% de centeio e 40% de trigo.
O último boletim Focus elevou, de 3,76% para 3,80%, o IPCA para 2024, e de 3,66% para 3,74%, para 2025.