Por Marcello Sigwalt
Pela terceira vez seguida, o Boletim Focus - consulta semanal às 100 maiores instituições financeiras do país pelo Banco Central (BC) - elevou a projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desta vez, de 3,80% para 3,86%; de 3,74% para 3,65% para 2025 e, pela primeira vez em 46 semanas, subiu de 3,50% para 3,58% com relação a 2026. A única exceção foi para 2027, que continuou em 3,50%.
O resultado desta semana consolida o distanciamento do indicador oficial de inflação em relação ao centro da meta (3%) fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e consequente rápida aproximação do teto desta (4,5%).
A despeito da pressão óbvia do avanço da carestia sobre o custo do dinheiro, as previsões do mercado financeiro para a Selic (taxa básica de juros) se mantiveram em todo o horizonte da pesquisa, repetindo os números da anterior: 10% para 2024 e 9,0% para 2025, 2026 e 2027.
Além disso, quanto maior a inflação, menor margem dispõe o Comitê de Política Monetária (Copom) para, sequer, manter o ritmo de corte da Selic, quando não, interrompê-lo já na próxima reunião de junho do colegiado.
Na última reunião, o comitê já havia esboçado uma postura mais conservadora em relação aos juros básicos, reduzidos em 0,25 ponto percentual (p.p.), em lugar de meio ponto (0,5 p.p.), redundando no patamar atual de 10,50%.
Igualmente estável ficou o prognóstico da banca quanto ao crescimento do PIB, mantido nos 2,05% anteriores; 2% para 2025, 2026 e 2027.
No plano cambial, a mediana de projeções para o dólar acusou alta ligeira, de R$ 5,04 para R$ 5,05, mas ficaram em R$ 5,05 para 2025.
Já o resultado primário deste ano foi mantido em um déficit de -0,70% do PIB; em -0,63% do PIB; em -0,50% do PIB para 2026.
Enquanto manteve em US$ 82 bilhões o superávit da balança comercial para este ano, o Focus elevou, de US$ 76,30 bilhões para US$ 78,0 bilhões, para 2025.