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CVM processa acionista majoritária da Light

Detentora de 35% do capital da Light, a gestora WNT (associada ao empresário Nelson Tanure, que não está sendo acusado no processo) passou a ser alvo de sanção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por violação do inciso II do artigo 12 da resolução 44 da autarquia.

Na avaliação da área técnica da CVM, a WNT teria violado a regra da resolução 44, "ao não informar nos seus comunicados de 04.05.2023 e 11.05.2023, o interesse em alterar a estrutura administrativa da Light mesmo estando em tratativas com o Sr. Nelson Tanure para verificar a possibilidade de ele assumir uma vaga no Conselho de Administração da companhia".

No bojo da acusação formulada pela autarquia, a WNT teria emitido informe, dando conta do aumento da participação na Light para 10,02% (4 de maio de 2023) e 15,21% (11 de maio). Nestes dois comunicados, a gestora concluiu o texto da seguinte forma:

"A WNT ainda esclarece que referida participação foi adquirida com o objetivo de aumentar a exposição dos fundos de investimento sob sua gestão à Companhia, não havendo, contudo, qualquer acordo ou contrato regulando o exercício do direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários de emissão da Companhia por parte dos Fundos, exceto no que diz respeito ao manual de exercício de direito de voto da WNT". Coincidência ou não, apenas dois meses após dessa iniciativa, em 18 de julho de 2023, Tanure foi eleito conselheiro independente da Light, com mandato até 2025.

Tendo à frente o investidor mineiro Valério Marega Júnior, a WNT, segundo reportagem publicada pelo site Bloomberg, em julho do ano passado, seria dona de ativos no montante de R$ 11 bilhões, ironia ou não, o mesmo valor da dívida da Light, hoje objeto de negociação com os seus credores. A despeito do patrimônio considerável, a empresa seria descrita pela Bloomberg como 'distressed' ou em dificuldades, pelo jargão do mercado.

Depois da WNT, a segunda maior posição acionária (10,16%) na concessionária de energia fluminense seria do fundo Samambaia (de Ronaldo Cezar Coelho) pelo Santander PB FIA 1, negócio do bilionário Beto Sicupira.

À Bloomberg, Marega Júnior ainda afirmara que Tanure e o Banco Master costumam 'usar' a WNT em certas operações, embora ressalvem que a gestora possua 'negócio próprio'. (M.S.)