Corte de 0,5 p.p. da Selic ganha reforço
O pequeno 'alívio' oferecido pelo IPCA-15 (também chamado de prévia da inflação) pode representar uma margem 'mais ampla' na política monetária tupiniquim, de modo que o Banco Central (BC) mantenha, pelo menos na reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) desta semana, em meio ponto percentual (0,5 p.p.), o corte da taxa básica de juros (Selic), e não mais em 0,25 p.p., como havia sido projetado nos últimos dias.
Esta é a avaliação de economistas, com base na variação, aquém do esperado, do IPCA-15, que avançou 0,21%, inferior aos 0,29% estimados pelo mercado. O recuo providencial para as pretensões de flexibilização dos juros básicos pôde ser observado no setor de serviços, que subiu 0,38%, em lugar dos 0,40% previstos; na média dos núcleos (0,19%, do que 0,23%) e em 0,25%, inferior a 0,41%, pelas medianas de mercado.
Para o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, em relatório, "a inflação levemente menor que a esperada no Brasil para a primeira metade do mês e os sinais de alívio nas pressões sobre os preços subjacentes podem ser suficientes para dar ao Copom espaço para cortar a Selic em 0,5 ponto porcentual na próxima reunião".
Ao assinalar que "o alívio dos núcleos e dos serviços subjacentes no IPCA-15 sinaliza uma composição benigna para a inflação", a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, admite que "a possibilidade de um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic em maio continua à mesa", embora reconheça, como o fez o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que "a parte mais difícil aqui é o cenário fiscal".
Já o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, entende que a menor oscilação do IPCA-15 não 'interfere' nessa perspectiva, porque a deterioração fiscal não descarta um corte menor, de 0,25 p.p..
"O IPCA-15 mostrou bem a cara da inflação que temos: os bens industriais rodando baixo, alimentação acomodando de forma lenta, os serviços baixos por passagem aérea e os serviços subjacentes e itens ligados ao mercado de trabalho rodando ainda fortes", explica Serrano. (M.S.)