Acordo Azul-Gol turbina ações de aéreas
Mesmo ainda sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a simples divulgação da proposta de parceria operacional para compartilhamento de voos domésticos entre a Azul e a Gol - primeiro passo para uma provável futura fusão - já foi suficiente para 'turbinar' em até 10% as ações das companhias aéreas, na sessão da última sexta-feira (24) da bolsa brasileira (B3, B3SA3),
Tal comportamento, segundo relatório enviado a clientes por analistas do Itaú BBA, reflete o uma antecipação, por parte do mercado, de uma possível fusão por completo entre as companhias, tendência reforçada pela entrada da Gol no regime de recuperação judicial nos Estados Unidos. "Observamos que este acordo não depende de aprovação antitruste. Além disso, esta notícia poderá aumentar a percepção dos investidores sobre a possibilidade de uma fusão entre as companhias aéreas. Dado que a Azul voa sozinha em mais de 80% das suas rotas, a combinação dos seus negócios poderia desbloquear sinergias substanciais de receitas", subscreveram os técnicos da instituição financeira.
Pelo acordo operacional, consumidores de ambas as aéreas (detentoras de aproximadamente 1.500 decolagens diárias) poderão adquirir passagens de ambas as aéreas, por meio dos respectivos canais. Nesse aspecto, o chamado 'codeshare' passaria a valer a partir do final de junho próximo, cujo acordo deverá abrir mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão.
Enquanto o acordo operacional não 'decola', caberá à Superintendência-Geral (SG) do Cade avaliar os contratos de parceria, além de exigir os esclarecimentos correlatos, no contexto da análise em curso. Pelo ângulo de 'estratégia de mercado', a parceria é um negócio oportuno, uma vez que este permitirá o compartilhamento de um mesmo voo de rotas domésticas, até então, exclusivas.
Do ponto de vista legal, predomina o entendimento de que o mero pedido de esclarecimentos ao conselho serviu como 'pré-notificação'.
Mais do que a aprovar ou a parceria, a principal preocupação do Cade é de aferir se o acordo implicaria algum problema concorrencial. (M.S.)