Fala derruba câmbio e mercado futuro
O prognóstico nada positivo emanado pelo comandante do BC foi logo captado pela piora de outros indicadores econômicos, como os juros futuros e o câmbio. Após passarem na última sexta-feira (24) na trilha de queda, os contratos de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 saltaram de 10,390%, na véspera, para 10,405%, e a do DI para janeiro de 2027 cresceu de 11,080% para 11,135%.
Na mesma 'toada', o dólar à vista avançou 0,27%, passando a R$ 5,1679, traduzindo o maior fechamento da moeda de Tio Sam, desde 30 de abril, quando fechou a sessão cotado a R$ 5.1923, com valorização acumulada em 1,29% na semana.
Para o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, "internamente, a agenda não é positiva. As dúvidas sobre a política fiscal cresceram, houve a troca de presidente da Petrobras e aumentou a preocupação com quem será o próximo presidente do Banco Central".
Já para o diretor da Wagner Investimentos, José Raymundo Faria Júnior, "o mercado não aceitou bem a decisão (da última reunião do Copom), não aceitou bem a comunicação, e isso tem piorado a nossa curva de juro".
Um efeito adicional negativo sobre as taxas inflacionárias, admitiu Campos Neto, seria o avanço do custo de rolagem da dívida global, que subiu muito, aumentando o risco de liquidez. "Desde o ano passado, eu tenho uma grande preocupação com o tema da dívida pública global. Se você olhar a dívida de EUA, Europa e Japão, a gente está falando de dois terços da dívida, com um custo de rolagem que multiplicou por 3,4 vezes", calculou. (M.S.)