Gasto sem controle elimina investimento
Com margens 'apertadas' para tocar a máquina pública, a capacidade de investimento do governo certamente ficará 'estrangulada'. Essa perspectiva sombria acabou sendo formada, apontam especialistas, em decorrência do aumento crescente das despesas obrigatórias por parte do Executivo, que busca atender às demandas de potenciais bases eleitorais, à medida que se aproxima o pleito municipal de outubro.
Embalado pelo ímpeto incontrolável pela ampliação dos gastos federais, a percepção predominante no mercado é de que o Planalto promova um 'relaxamento' mais expressivo das metas fiscais, alteradas há menos de nove meses. Caso isso ocorra, um dos reflexos mais imediatos seria a expansão do déficit primário e da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), considerado o principal indicador de solvência do país perante agências de classificação de risco.
Já antecipando a tendência, o mercado já vem precificando esse cenário adverso, o que fica patente pela exigência de juros cada vez maiores para financiar o déficit público federal, a exemplo da semana passada, quando a taxa para títulos públicos de dez anos bateu a casa de 11,8% ao ano, o que torna inviável a tomada de empréstimos para investimentos pelas empresas.
Ante tal patamar, até mesmo aquelas que detêm capital próprio preferem investir em papéis do governo do que investir em novos empreendimentos.
Uma vez fechado em círculo vicioso, aplica-se uma 'camisa de força' à atividade econômica, que 'emperra' o avanço do PIB, ao mesmo tempo em que o endividamento público cresce exponencialmente. (M.S.)