Por Marcello Sigwalt
Identificado recentemente por cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a polianilina - espécie de polímero condutor com camadas de nanotubos de carbono de paredes múltiplas - é uma das maiores promessas da chamada 'transição energética', para produção de hidrogênio verde.
A inovação, porém, admitem especialistas, enfrenta o desafio de superar os altos custos de produção da iniciativa. Segundo eles, 'quanto maior a concentração de nanotubos, menor a demanda de energia para a obtenção do hidrogênio verde'. Para melhor entendimento, explica-se que os nanotubos de carbono desse sistema possuem largura correspondente a um diâmetro de um fio de cabelo, ainda dividido mil vezes.
Atualmente em fase de laboratório, o estudo ainda demandará testes que vão verificar se o material possui viabilidade industrial, com vistas à sua otimização para fins econômicos. Além de apresentar potencial para substituir os combustíveis fósseis, em diversas áreas, como transporte, fábricas e na geração de energia elétrica, o hidrogênio verde pode ser empregado na fabricação de ureia, substância utilizada como fertilizante.
"Os primeiros passos foram vencidos, mas ainda tem muita coisa nova para fazermos. É como se explorássemos novas oportunidades que estão nascendo" assinala um dos autores do artigo, o chefe-geral da Embrapa Instrumentação e pesquisador da UFSCar, José Marconcini, ao acentuar como maior vantagem da polianilina, o fato de esta ser mais simples do que a cerâmica para a produção da energia verde.
Outros estudos voltados à produção de hidrogênio verde por meio da cerâmica, material semicondutor, em escala laboratorial, contudo, exigem equipamentos de maior complexidade, como fornos com alta temperatura em fábricas especializadas.
Em contraponto à cerâmica (que requer exposição sob forte calor por longo tempo), a polianilina é obtida em temperatura ambiente com reagentes líquidos, com redução de custos.