Por Marcello Sigwalt
"Estamos caminhando para uma nova crise fiscal, com desemprego e recessão. E vamos continuar tendo déficit previdenciário. Portanto, apenas com uma reforma mais ousada que vamos resolver os problemas".
A previsão sombria sobre o futuro próximo das contas previdenciários foi feita pelo economista, doutor em ciência política e coordenador do grupo de estudos da Previdência no IPEA/RJ, Paulo Tafner, um dos 'pais' da reforma da Previdência, em 2019.
No livro "A Reforma Inacabada - O futuro da Previdência Social no Brasil" - que assina, junto ao também economista especialista em Finanças Públicas e Previdência Social, Fabio Giambiagi, de naturalidade argentina - Tafner alerta para a tendência de expansão das despesas previdenciárias, o que exigiria mudanças, por uma nova reforma.
Entre os fatores para tal aumento, a obra cita o impacto dos benefícios previdenciários nas contas públicas, e como 'insuficiências' do INSS acabaram 'pesando' sobre a economia nacional.
Em contrapartida, os economistas destacam a necessidade de mudanças no sistema previdenciário, vinculadas à desindexação do salário mínimo, alteração no benefício assistencial e um sistema de capitalização, o que auxiliaria os cofres federais a economizar R$ 875,1 bilhões com a Previdência nos próximos dez anos.
Somente em benefícios previdenciários, o Executivo pagou, no ano passado, R$ 898,8 bilhões (90% do Orçamento da União), o que compromete investimentos.
Embora a projeção da reforma da Previdência era de uma economia de R$ 621,3 bilhões, Tafner e Giambiagi consideraram a medida 'insustentável', o que requer mudanças.
Ao destacar os avanços da reforma da Previdência de 2019 - fim da aposentadoria por tempo de contribuição; redução da diferença de idade para aposentadoria entre homens e mulheres e aumento da idade para professores - Giambiagi cita quatro principais pontos negativos: aposentadoria rural; igualdade de gênero; aposentadoria masculina e benefício assistencial.
