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BC 'encampa' desindexação do mínimo da Previdência

Por Marcello Sigwalt

Como 'centroavante' monetário improvisado para atuar no campo macroeconômico, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, talvez preocupado com os rumos (erráticos) da política econômica, resolveu dar 'pitacos' pontuais na área ministerial (da Fazenda).

"O governo tem mais recentemente falado em medidas alternativas, como desindexação do salário mínimo da Previdência e a desvinculação de saúde e educação. São medidas muito boas, que seriam um choque positivo e ajudariam muito neste momento. A gente apoia qualquer uma", disparou o dirigente monetário, ao participar do evento 'MKBR', sobre mercado de capitais, organizado pela bolsa brasileira, B3 (B3SA3).

O comentário de Campos Neto 'pega carona' na discussão que envolveu a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffman (PR), no mês passado, em torno da desindexação do salário mínimo da Previdência Social. A questão atávica é um dos gargalos de gestão econômica, que atravessa governos, uma vez que a indexação ao mínimo exerce forte impacto nos gastos previdenciários que, além do pagamento dos juros, são a maior fonte de despesa federal.

Ao acentuar que o BC sempre avalia como a política fiscal pode ter impacto na política monetária, o comandante do real admite ter havido piora na 'percepção' do cenário das contas públicas, segundo resposta de agentes econômicos à autoridade monetária. "Acho que tem um efeito também do ruído do que é preciso em termos de negociação no Congresso para garantir a parte da receita", assinalou.