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Mudança de meta preocupa o mercado

Como confirmação os temores 'proféticos' expressivo pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto que, no final de maio último, admitiu que a "especulação sobre meta de inflação subiu as expectativas [de inflação]", o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou, na última sexta-feira (7), que publicará, ainda este mês, um decreto que regulamenta a meta de inflação, que "mudará do regime de meta contínua para modelo de ano-calendário". Resta saber como mais essa manobra federal repercutirá sobre o pragmático mercado financeiro.

"Vai ser antes da decisão do CMN [Conselho Monetário Nacional], não tem nenhuma pretensão de eu tomar uma decisão diferente da que já foi tomada no ano passado", antecipou o ministro, sintonizado com o que estabelece a legislação, pela qual, se o decreto não for publicado até a próxima reunião do CMN, 'este teria de definir a meta de IPCA de 2027'. A decisão ratificará deliberação tomada, ainda no ano passado, pelo colegiado, que mantém em 3% a meta de inflação para 2024, 2025 e 2026, com 1,5 ponto porcentual de tolerância.

Na avaliação do chefe do BC, a demora da definição da meta foi mais um componente de incerteza, impactando as expectativas de trajetória dos índices de preços.

Sobre a 'morosidade' federal em relação às metas, Campos Neto diz que "as expectativas de inflação estavam ancoradas na meta e subiram com a mudança de governo federal, de 2022 para 2023. Já a manutenção das metas nos mesmos patamares decididos anteriormente, as estimativas para o IPCA voltaram para próximo de 3,5%". (M.S.)