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Pneu chinês desleal 'esvazia' a indústria

A exemplo das perdas apuradas pelo varejo ou pela siderurgia, o setor de pneus se ressente da 'invasão chinesa' da atividade, por meio da prática de 'concorrência desleal' no mercado nacional, em que o produto importado chega aqui com preço abaixo do similar nacional (mesmo após a disparada do dólar, que passou a valer R$ 5,40, recentemente), como também fica aquém do custo da matéria-prima.

Na origem, o produto mandarim decorre de uma distorção de mercado, uma vez que suas fábricas, em escala planetária, 'notoriamente' praticam dumping, ou seja, estabelecem preços abaixo do custo, muitas vezes, com base em regime de trabalho próximo ao 'escravagista'.

Tal política de alcance global tem deflagrado fortes reações, em especial, dos Estados Unidos, seguidas de levantamento de barreiras de proteção ao produto 'made in USA'.

"Sem proteção, nossa indústria só vai importar, em vez de produzir", observa o presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), Klaus Curt Müller, ao criticar a 'lentidão' do governo que, apesar de demonstrar 'sensibilidade' em relação ao tema, é moroso demais para tomar 'medidas de salvaguarda'.

Em lugar da 'leniência' palaciana, Müller entende que a questão exige providências urgentes, do governo e do Congresso, antes que se tornem 'irreparáveis' os danos ao setor.

"Para concorrer, eu precisaria de contrabando de matéria-prima, não pagar funcionário, nem imposto, e ainda ter alguma vantagem do governo, o que não é o caso do Brasil", ao completar que "não dá para concorrer nessas condições tão gritantes", concluiu Müller. (M.S.)