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Campos Neto 'ministro' irrita o Planalto

Eficiência da gestão monetária pelo BC é reconhecida | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

Em contraste flagrante ao reconhecimento internacional do papel do Banco Central (BC) tupiniquim e seu comandante Roberto Campos Neto - de assegurar a estabilidade econômica, mesmo que à custa de arrocho monetário, como 'freio' à inflação - o mandatário do Planalto, com a popularidade em 'queda livre', voltou a atacar o dirigente monetário, enquanto este recebia, em Londres, o prêmio "Banco Central do Ano", conferido pelo portal de notícias Central Banking.

A título de mudar o foco da mídia em torno do descontrole fiscal, na conta de seu ministro da Fazenda, o ex-presidenciável Fernando Haddad, o presidente disparou: "Quem fez festa a Campos Neto, ganha dinheiro com o juro alto [da Selic]", para quem "o sistema financeiro praticamente domina a imprensa brasileira", em coletiva de imprensa, no sábado (15), na reunião do G7, na Itália.

A fúria palaciana, na verdade, teria origem em outro fato político: a homenagem feita pelo governador paulista bolsonarista, Tarcísio de Freitas, a Campos Neto, no Palácio dos Bandeirantes, na segunda-feira (10), que contou com a presença de 70 pessoas, entre banqueiros, empresários e políticos.

Na ocasião, Tarcísio afirmara: "Resolvi, vou fazer um jantar para o meu amigo Roberto, com poucos amigos, gente do meu convívio, que trabalhou com a gente no governo".

No discurso (de improviso) em que agradeceu a deferência internacional na capital britânica, Campos Neto aproveitou para destacar a importância da autonomia do BC para a política monetária.

"Um banco central independente pode entregar melhor trabalho à sociedade", emendando que o "BC tem procurado derrubar a inflação com o mínimo de custo à sociedade".

Ao cabo do pronunciamento, o 'xerife do real' citou projetos da agenda de inovação, como o Pix, o Open Finance e a moeda digital, além de parabenizar os servidores do BC. "Este prêmio é de todos".

Sobre a última treta Planalto-BC, editorial da Folha de S. Paulo, no último sábado (15), sentencia: "O PT escolheu Campos Neto como 'bode expiatório'.