Por:

País poderá se limitar a 'voo de galinha'

Produtividade e investimento: premissas do crescimento | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

Premissa elementar para qualquer acadêmico de Economia, a elevada dívida pública do país é um dos fatores inibidores do crescimento consistente da economia, afastando investimentos, limitando a produtividade, além de condenar o país ao 'voo de galinha', termo este que remete a um período curto de alta do PIB, logo seguido de queda.

Este é o principal recado - endereçado a governantes de todos os matizes ideológicos - contido no livro "O desafio da produtividade: como tirar o Brasil da armadilha da renda média", lançado, na última quinta-feira (13) pela dupla de renomados economistas, José Ronaldo de Castro Souza Jr. e Fabio Giambiagi.

"O aumento de gastos é um estímulo de curto prazo que acaba gerando um problema estrutural. É um voo de galinha", sentencia Souza, também professor de Economia do Ibmec. Por sua vez, Giambiagi, pesquisador associado do Ibre/FGV observa que "investimentos planejados, a partir de um aumento desenfreado de gastos, não é o que gera crescimento no longo prazo".

Segundo eles, a obra teria como motivação "colocar uma lupa no debate público, árido, mas rigorosamente necessário sobre o tema", que é chave para assegurar a capacidade de crescimento à economia.

Enquanto Souza destaca o fato de que produtividade diz respeito "à capacidade de se gerar frutos com uma determinada quantidade de recursos, ou seja, o quanto eles rendem, levando em conta fatores como mão de obra, capital e infraestrutura", Giambiagi, recorre à definição do prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, para quem, "produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo. A capacidade de um país de melhorar seu padrão de vida ao longo do tempo depende quase inteiramente da sua capacidade de aumentar o produto por trabalhador"

Sobre a questão fiscal, Giambiagi entende que "o governo não quer nem ouvir falar numa agenda de controle de gastos. E ele terá que encarar essa agenda no futuro, uma vez que as perspectivas para a segunda metade da década são muito preocupantes".