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Para o mercado, arcabouço 'não funciona'

O arcabouço fiscal (premissa teórica petista para o equilíbrio entre gastos e receitas federais) de Haddad (ministro da Fazenda) não funciona e tem incoerência interna. A observação foi feita por economistas a respeito da política econômica conduzida pelo governo petista, até aqui.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, caso se mantenha o atual nível de despesas, "não há possibilidade de o governo cumprir a meta de déficit zero em 2025 ou obter superávit, no ano seguinte", ante ao discurso, ainda 'débil' do Planalto, em favor de um genérico corte de gastos. Como não funciona, continua ele, o arcabouço "vai ter que ser alterado de novo, de alguma forma, com muita dificuldade no ano que vem. A gente vai ter em 2027, no próximo mandato, um arcabouço fiscal que olhe com mais equilíbrio para arrecadação e gasto", previu.

Enquanto a perplexidade 'sobre o que fazer' da economia se avoluma, a constatação de especialistas é de que o arcabouço fiscal desenhado pela Fazenda, e aprovado pelo Congresso, há pouco menos de um ano, "é capenga e precisará ser revisto em 2025", logo depois, portanto, das eleições municipais, no final deste ano.

Portador de uma 'contradição interna'. Assim classifica a 'falha congênita' do arcabouço a diretora de Macroeconomia do Santander, Ana Paula Vescovi.

"Há despesas indexadas à arrecadação. Então, veja, ainda que o governo consiga bilhões de arrecadação para fazer frente ao equilíbrio nas contas públicas prometido até 2026, isso implicaria, automaticamente, um aumento de gastos que não cabe no teto de gastos do arcabouço, que seria destruído".