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Copom deverá manter patamar atual da Selic

'Aposta' majoritária do mercado é de que Selic - 2º maior juro real do mundo - ficará 'imexível' | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

Sob o espectro da expectativa do mercado de que o ciclo de cortes da Selic (taxa básica de juros) pode ter chegado ao fim, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) encerra, nessa quarta-feira (19), a segunda das duas reuniões consecutivas, em que a maior parte das 'apostas' de analistas varia entre a manutenção do atual patamar (10,50% ao ano), quando não, ou sua elevação, ainda que moderada.

A possibilidade de interrupção dos cortes (iniciado, desde agosto do ano passado), portanto, ganha força, devido a fatores, que vão, desde 'ruídos fiscais'; avanço da inflação; desvalorização do real e a renitentemente alta dos juros ianques.

"Se o governo fizer o dever de casa e controlar minimamente os seus gastos, isso favorece muito o mercado emergente", atesta o gestor do Buena Vista Capital, Renato Nobile.

Já o economista da Levante Inside Corp. Rodrigo Romero, observa que os recentes atritos associados ao controle dos gastos públicos acabaram 'patrocinando' a disparada do dólar.

"O déficit fiscal maior pode levar a um aumento da dívida pública, afetar a confiança dos investidores e, consequentemente, as expectativas inflacionárias", comenta Romero.

De forma intencional ou não, o mandatário decidiu atacar, mais uma vez, seu alvo preferencial e espantalho das derrotas (políticas e econômicas) petistas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem atribuiu 'falta de autonomia' e 'partidarismo' na condução da política monetária.

As declarações presidenciais - diante da indignação palaciana com a homenagem prestada pelo governador paulista, Tarcísio de Freitas, a Campos Neto, após este receber um prêmio internacional na capital britânica - foram muito eficientes para tornar, ainda mais tenso, o ambiente do colegiado, às vésperas de uma decisão crucial para a vida econômica da maioria que paga impostos e é obrigada a votar.