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Por unanimidade, Copom mantém Selic em 10,50% a.a.

Avanço da inflação e descontrole verbal palaciano ajudaram na manutenção da Selic | Foto: Rafa Neddermeyer - Agência Brasil

Por Marcello Sigwalt

Como esperado pela maioria de analistas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) decidiu, por unanimidade, interromper o ciclo de sete cortes consecutivos da taxa básica de juros (Selic) - iniciado em agosto de 2023 - que continuou mantida em 10,50% ao ano (a.a.), em linha com a última previsão do boletim Focus, divulgada no início dessa semana.

Em comunicado, o Copom argumentou que, "entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada".

A manutenção da Selic no mesmo patamar anterior deverá impactar pouco os ativos, na sessão dessa quinta-feira (20).

Entre os dados macroeconômicos, o avanço do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação, que cresceu, de 0,38% em abril, para 0,46%, também exerceu pressão da decisão do colegiado.

Em 12 meses, o índice acumula variação de 3,93%, superando a meta de inflação de 3%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), enquanto se aproxima do teto desta, de 4,5%.

Para efeito da gestão monetária, é mais decisivo o número do IPCA de 2025, cuja previsão do Focus subiu de 3,64% para 3,80%, o chamado 'horizonte relevante' para a 'calibragem' da Selic.

Do ponto de vista político, a decisão unânime do Copom (composto por aliados diretos do Planalto) vai na 'contramão' do tom 'explosivo' deflagrado pelo presidente da República, na direção do presidente do BC, Campos Neto, por conta do gradualismo da queda da Selic, cujo corte agora foi interrompido.