Por Marcello Sigwalt
"O crescimento [econômico] não veio como a gente esperava. Por que não veio? Bom, nós fizemos oito anos de reformas, mas aí veio o PT e fez 15 anos de 'desreformas'. O Brasil podia decolar, mas o Lula não deixa", disparou o conceituado economista Edmar Bacha (82), ex-presidente do BNDES e do IBGE e imortal da Academia Brasileira de Letras, além de ser um dos 'pais' do Plano Real, que completa 30 anos.
Sobre o pacote de reformas do Plano Real, essencial para que este tivesse pleno êxito, não teve continuidade, Bacha, mineiro do tipo 'sincerão', é muito claro para descrever o cenário atual. "A gente ainda tem um Estado inchado que absorve um terço do PIB [Produto Interno Bruto] e não entrega para a população serviços adequados de saúde, educação, transporte, segurança e infraestrutura, e a economia continua fechada".
Em seu diagnóstico da trajetória petista, o economista é bem direto: "O Lula, nos dois primeiros anos, ainda fez alguma coisa. Depois, na hora que veio a bonança [alta no preço das commodities que gerou crescimento interno e global], falou que não precisava fazer mais porcaria nenhuma. Em cima da bonança veio o pré-sal. O mundo parou de ter crise, por causa da China. Então, o Lula não fez mais nada em termos dessas reformas estruturais, de que o país necessitava, especialmente a abertura econômica", fulminou, para quem "a reforma tributária só agora está vindo e toda 'despedaçada', ao passo que a reforma do Estado nem foi tocada", emendou.
Por fim, Bacha conclui: "O que realmente me toca é essa injustiça dessa elite infame, que explora monopolisticamente o mercado nacional com preços surreais".
