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Equipe econômica endossa o Copom

Por Marcello Sigwalt

Em demonstração inequívoca de 'autonomia' na capacidade de avaliação da atual conjuntura econômica imprevisível - que impõe o risco de a 'parada' dos cortes da Selic ser substituída por novo aperto monetário, por parte do Banco Central (BC) - a equipe econômica do mandato petista, indo de encontro à intransigência palaciana, classificou de 'acertada' e 'crucial' a decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária), de manter em 10,5% ao ano a taxa básica de juros, tendo em vista "evitar uma deterioração das condições de mercado do país".

Além de validar a posição de membros aliados do governo no Copom, em favor da estabilidade da taxa básica, a equipe econômica manifestou preocupação com a possibilidade de uma nova 'escalada do dólar'.

Outra 'leitura' em relação ao episódio 'Copom' seria de que, uma eventual divergência na votação poderia desencadear uma crise de confiança, a ponto de pressionar pelo aumento das taxas de juros de longo prazo, como admitiram três integrantes da área econômica do governo, que preferiram o anonimato.

Em situação oposta, caso os membros governistas do comitê se posicionassem a favor de uma queda 'já' da Selic, a divergência abriria brecha para a adoção de uma política mais 'frouxa' no ano que vem, quando o Executivo deve formar maioria no colegiado.

Um dos atingidos pelo 'fogo amigo' da agremiação de esquerda foi justamente o mais cotado para substituir Campos Neto, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, cuja adesão à Selic 'imexível' teria 'agradado o mercado' e 'desagradado o presidente'.

A conclusão óbvia é que a estratégia do mandatário, de atacar o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, além de ter se revelado infrutífera, também abre uma séria cisão entre a ala econômica do governo, um mau indicativo para a gestão da economia ou para o desempenho petista no pleito municipal, logo ali.

Bombeiros 'retardatários', o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, pretendem ler a Ata do Copom.