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Real fraco, juros altos e déficit fiscal vão 'frear' investimentos

Por Marcello Sigwalt

A retomada dos investimentos na economia, registrada nos últimos meses, está sob risco, em decorrência de fatores negativos, como a escalada do dólar, a manutenção dos juros em patamar elevado (10,5% ao ano) pelo Banco Central (BC), como também pela percepção predominante do mercado ante à dificuldade de ajuste das contas públicas pelo governo petista.

A despeito do avanço da taxa de investimentos, verificado no primeiro trimestre do ano (1T24) - sobretudo pela importação de máquinas e equipamentos, incentivada pela então estabilidade do dólar - no momento tal tendência dá sinais de ter perdido o 'ímpeto', conforme admitem especialistas.

Segundo o Icomex (Indicador de Comércio Exterior), do Ibre/FGV, após três trimestres seguidos de recuo em 2023, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - que mede a taxa de investimentos - subiu 2,7% no primeiro trimestre deste ano (1T24), no comparativo anual, e cresceu 4,1%, ante o trimestre anterior (4T23), 'puxado' pela alta de 15,5% da importação da indústria de transformação, nos primeiros cinco meses deste ano, ante igual período de 2023.

A pesquisadora associada do Ibre-FGV e responsável pelo Icomex, Lia Vals Pereira, entende que "o atual cenário de alta volatilidade cambial não favorece novos planos, podendo ameaçar a manutenção dessa tendência".

Prosseguindo em sua análise, Lia observa que "tivemos um começo de ano otimista, mas isso se reverteu, com muita instabilidade e a alta do dólar", ao acentuar que a base de comparação de 2023 para investimentos é baixa".