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BC: declarações presidenciais só pioram ativos da economia

Por Marcello Sigwalt

Mesmo mantendo a fleuma neoliberal de evitar o confronto direto com o Executivo - que o tem responsabilizado pela resiliência inflacionária e pelo desajuste fiscal - o presidente do Banco Central (BC), há meio ano de completar seu mandato constitucional à frente da autoridade monetária, não se furtou da oportunidade de 'tocar na ferida' da (indi)gestão econômica tupiniquim.

Sem se deixar envolver pelas polêmicas declarações recentes pelo verborrágico mandatário petista, Campos Neto entende que os ataques palacianos 'atrapalham o trabalho do BC', ao mencionar que a fala presidencial contribuiu para a "piora de preços de ativos e de variáveis econômicas', levando em conta o comportamento do mercado, em tempo real, no passado recente.

"O que se mostrou no passado recente [não é uma opinião minha, é uma constatação] quando a gente olha movimentos de mercado em tempo real com os pronunciamentos, você teve piora em algumas variáveis macroeconômicas, em alguns preços de mercado". Na sua avaliação, as trapalhadas verbais lulistas levam ao aumento do prêmio de risco, no sentido de acirrar a volatilidade do mercado, além de afetar o canal de expectativas e, por consequência, a 'potência' da política monetária'.

'Passando ao largo' da controvertida proposta de desvinculação dos reajustes de benefícios previdenciários do salário mínimo, o xerife do BC ressaltou a importância da atitude da autarquia, ante os 'desdobramentos' da política fiscal.

"Entendemos que estamos passando por ruídos de curto prazo e precisamos falar mais de variáveis estruturais", concluiu o presidente do BC.