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Fuga de capital externo soma R$ 42,4 bi

Por Marcello Sigwalt

A deterioração fiscal do país, que mina o interesse do investidor externo no mercado nacional, é o principal motivo da 'fuga' do capital estrangeiro da bolsa brasileira (B3) nos primeiros seis meses do ano (1S24), a maior em dois anos, contabilizando a saída, somente neste mês (até o dia 20) de R$ 6,546 bilhões, acumulando uma 'sangria' de R$ 42,438 bilhões no ano. Na mesma base comparativa, no primeiro semestre de 2020 (1S20), ano marcado pela crise pandêmica, as perdas chegaram a R$ 73,679 bilhões.

Como é previsível que o Fed (Federal Reserve, o bc ianque) mantenha, 'sine die', a suspensão do corte de juros nos EUA, assim como deverá prosseguir o processo de deterioração fiscal no Brasil, o fluxo negativo de capital estrangeiro no mercado nacional poderá ocorrer nos próximos dois meses.

Também complica a desvalorização do real ante o dólar, acumulada em 3,7% este mês e de 12% no ano, o que reduz muito o custo de oportunidade do país perante os investidores estrangeiros, assinalam analistas consultados pelo Sistema Broadcast.

De acordo com o superintendente de renda variável da SulAmérica Investimentos. Gilberto Nagai, "nos próximos dois ou três meses, os Estados Unidos não devem cortar os juros, e também temos que resolver nossos problemas de discussão fiscal. Então, no curtíssimo prazo, o estrangeiro não deve voltar para o Brasil. Os EUA são grande sugador de fluxo do mundo".

Posição similar apresenta o head de Research da Guide Investimentos, Fernando Siqueira, para quem "o Brasil precisa fazer o mínimo esforço para diminuir ruídos e ter um próximo presidente do Banco Central com credibilidade, com coesão lá dentro".

Já o codiretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Eduardo Carlier, atribui a 'questões internas' boa parte do afastamento do investidor internacional da B3, cuja fuga é motivada por questões externas. "Temos uma situação oposta. Enquanto há sinais de melhora de indicadores dos Estados Unidos, com reflexo nas bolsas e nos juros americanos, o Brasil está na contramão".