Marco da estabilização econômica, cujos efeitos perduram até os dias atuais, o Plano Real, lançado há 30 anos (completos nessa segunda-feira, 1º), pelo governo Itamar Franco (1992-1995), foi o único, dos diversos planos econômicos, a ser bem-sucedido em derrubar o 'dragão' da hiperinflação.
Mas para cumprir essa tarefa, a equipe econômica do mandatário mineiro teria de 'desindexar' a inflação, ou seja, impedir que as variações de preços fossem repassadas para o mês seguinte, o que valeu uma taxa de 2.000% no início de 1990.
Como solução estabilizadora, foi criado um superindexador, a Unidade Real de Valor (URV), em que todos os preços e salários foram expressos em cruzeiros reais e em URV, com variação diária, por meio de um atrelamento relativo ao dólar. No dia da criação do real, cada R$ 1 valia uma URV ou 2.750 cruzeiros reais.
No caso do exitoso Plano Real, o 'toque mágico' foi a capacidade de a URV 'realinhar' os chamados preços relativos - conceito que se refere à quantidade de bens e de serviços distintos que podem ser adquiridos com uma mesma quantia - deixar o câmbio fixo e os juros elevados, a fim de atrair capital estrangeiro.
A engenharia financeira deu resultado e a inflação, medida pelo IPCA, caiu de 47,43% em junho de 1994, para 1,71%, em dezembro do mesmo ano.
O Congresso Nacional também contribuiu com o plano, ao aprovar medidas para o 'saneamento' das contas públicas, com a criação do Fundo Social de Emergência, que desvinculou parte das receitas do governo.