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Fatura da eleição e o país na contramão

Enquanto vocifera contra o mercado - que reflete pragmaticamente seus desacertos econômicos, vide disparada do dólar - o governo petista deu formato 'real' (sem trocadilho com a moeda pátria), às suas pretensões eleitoreiras, ao anunciar a liberação, de uma só vez, da 'bagatela' de R$ 30 bilhões em emendas parlamentares (60% do previsto para o ano inteiro), a pouco mais de três meses da eleição municipal.

Trata-se do maior volume de recursos da história para um primeiro semestre do ano e para um período pré-eleitoral, a pretexto de "viabilizar obras e acelerar o atendimento à população dos municípios". Mais importante do que dissertar sobre o montante gigantesco de verbas é destacar o fato de que estas serão distribuídas sem critérios técnicos, por meio de emendas Pix e decorrentes de 'novos saques' do antes 'demonizado' orçamento secreto.

Distante da propaganda eletrônica oficial, custeada pelo contribuinte, a iniciativa ainda deverá contar com recursos adicionais, a depender dos desembolsos da União, pois cresce a pressão política sobre o caixa federal.

Para o gerente de Pesquisa da Transparência Internacional no Brasil, Guilherme France, "as emendas parlamentares têm produzido três impactos problemáticos: risco de corrupção, deturpação de políticas públicas e impacto eleitoral".

Neste aspecto, ele acrescenta: "Se vamos continuar com um modelo de ampla destinação de recursos via emenda parlamentar, e não parece que o Congresso vai abrir mão, precisamos que esses recursos sejam destinados com adequação dos critérios técnicos de alocação, transparência e fiscalização". (M.S.)