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Cortes "bem-vindos, mas insuficientes"

Por Marcello Sigwalt

Bem-vindo, mas insuficiente. Assim classificaram economistas o corte de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com o presidente da República, em meio à pressão crescente do mercado por medidas de contenção de gastos, por parte do Executivo.

A 'tesoura' orçamentária deve ser formalizada, no próximo dia 22 de julho, quando da divulgação do próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.

Junto com a mensagem a ser enviada ao Congresso Nacional, o Executivo pretende alertar sobre a necessidade de bloqueio, ou não, de verbas, para cumprir o teto de despesas do arcabouço fiscal.

O grau de desconfiança quanto ao compromisso federal de cumprir as regras fiscais vigentes tem alimentado a volatilidade cambial, além de 'patrocinar' alta acumulada do dólar superior a 15%, desde o início do ano. Só nesta quarta-feira (3), é que a moeda ianque registrou recuo de 1,72%, por conta da declaração presidencial, em favor da responsabilidade fiscal.

Ao comentar as falas de Haddad, o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, as considerou "muito positivas", acrescentando que elas estão "na direção correta da responsabilidade fiscal, com respaldo do presidente Lula, para que se realizem as medidas necessárias ao cumprimento do novo arcabouço fiscal'.

Em contraponto, a previsibilidade da inconsistência da medida palaciana é constatada pelo economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale, ao lembrar que "o grosso do ajuste necessário terá que passar em algum momento por ajustes nos gastos de educação, saúde e previdência".

Vale assinala, ainda, que "os cortes anunciados passam por revisão de benefício. Vai acalmar um pouco o mercado, mas não muito. Ajustes fiscais mais significativos terão que ser feitos a partir de 2027".

"Um corte de "R$ 25 bilhões não faz verão", dispara o economista e mestre em Economia Politica, André Perfeito: "É totalmente paliativo o que está sendo feito, porque está sendo executado no susto".