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Selic alta deve elevar a dívida já trilionária das companhias

Por Marcello Sigwalt

A manutenção, por mais tempo do que o esperado, dos juros básicos da economia em patamar elevado (com perspectiva de contínua valorização o dólar ante o real) deverá começar a afetar o planejamento financeiro das empresas, que vem se deteriorando, desde o início do ano, além de retardar sua plena recuperação.

Diante do agravamento do cenário monetário, em que a expectativa do mercado em março, de a Selic (taxa básica de juros) chegar ao final do ano a 9% ao ano, e o dólar a R$ 4,95, agora passou para 10,5% ao ano e R$ 5,20 respectivamente, a conclusão é de que o endividamento das companhias brasileiras encerre 2024 no astronômico montante de R$ 6,16 trilhões, um avanço de 5% nesse comparativo.

O número avassalador foi computado pelo Centro do Financiamento das Empresas Brasileiras da Fipe (Cefeb-Fipe), com base em simulação dos saldos da dívida financeira das empresas nacionais de capital aberto ou fechado, além de projeções cambiais e da Selic pelo boletim Focus do BC.

Tal conjunto de variáveis permitiu atualizar o impacto da mudança de cenário.

Em outra simulação, houve avanço das despesas financeiras das empresas que, em março, não passavam de R$ 170 bilhões, quando o cenário era mais positivo, mas saltaram de R$ 295 bilhões, aumento de 73%.

Para evitar maiores danos ao país - face aos recorrentes ataques cambiais, que têm 'apostado' contra o real - o Banco Central deveria atuar com firmeza, o que inclui elevar, novamente a taxa de juros (Selic), assinala o economista e mestre em Economia Política, André Perfeito.