Por Marcello Sigwalt
Ante à perspectiva de que as contas públicas devem continuar, pelo menos até o pleito municipal de outubro próximo, sem ajuste fiscal - obrigando o Banco Central (BC) a manter elevada a Selic (taxa básica de juros) - a inflação brasileira deve seguir em ascensão. Tal cenário desanimador foi precificado pelo Boletim Focus - consulta semanal da autoridade monetária às 100 maiores instituições financeiras do país - que elevou, pela nona vez seguida (de 4% para 4,02%) a projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano. O percentual se aproxima do teto da meta de inflação (4,5%), fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Já em relação a 2025, o chamado 'horizonte relevante' - ponto central para a 'calibragem' da política monetária - a 'banca' elevou o indicador oficial de inflação de 3,87% para 3,88%. Estáveis ficaram as estimativas para 2026 e 2027, de 3,60% e 3,50%, respectivamente.
Após alternar trajetória de 'sobe desce' nas últimas semanas, a previsão para o PIB de 2024 voltou a subir, ainda que timidamente, de 2,09% para 2,10%, mas recuou de 1,98% para 1,97%, para o ano que vem.
A exemplo da expectativa inflacionária, para 2026 e 2027, o avanço da economia se manteve 'empacado' em 2%.
Igualmente 'imexível' ficou a projeção para a Selic deste ano, nos atuais 10,50% ao ano; em 9,5% ao ano para 2025; 9% ao ano para 2026 e o mesmo percentual para 2027.
Para este ano, o Focus projetou um câmbio de R$ 5,20, o mesmo para 2025, enquanto a dívida pública avançou de 63,70% do PIB para 63,85% do PIB para este ano.
Ligeira melhora teve a balança comercial, cuja estimativa de superávit para 2024 foi elevada de US$ 81,55 bilhões para US$ 82,0 bilhões, mas continuou em US$ 76,02 bilhões para 2025.