Por Marcello Sigwalt
Em nova revisão de estimativa, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de junho - divulgado, nesta quinta-feira (11) pelo IBGE - projeta um recuo de 6,2% (menos 19,5 milhões de toneladas) da projeção da safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas, que deve atingir 295,9 milhões de toneladas na edição deste ano. Essa estimativa é 0,3% inferior à de maio, com perda de 940,3 mil toneladas.
Em contraponto, a área colhida registrou expansão de 0,6% (462,7 mil hectares), em relação ao montante observado no ano passado, mas se manteve estável (0,0%), ante maio. No que se refere à produção por culturas, a do algodão foi a única exceção, ao bater o recorde de 9,8% de crescimento, devido à expansão de 12,5% da respectiva área cultivada.
Para o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, "a safra 2023/2024 teve vários problemas desde o início da sua implantação, como falta de chuvas e ocorrência de altas temperaturas, durante a safra de verão (1ª safra), havendo a necessidade do replantio de algumas áreas. No Rio Grande do Sul houve excesso de chuvas e inundações. E agora com a colheita do milho de segunda safra, temos constatado que esses problemas foram mais graves que imaginávamos. Os estados que sofreram as maiores reavaliações foram Minas Gerais, com uma queda de quase 900 mil toneladas, além de Paraná e Bahia.
Em contrapartida, houve crescimento na estimativa da produção do arroz em Tocantins".
Embora admita o impacto das enchentes do Rio Grande do Sul no Agro, o gerente do LSPA, Carlos Barradas entende que o recuo da produção decorre de problemas climáticos ocorridos em 2023 e 2024, pelo excesso de chuvas e a seca no bioma Cerrado (Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul).
No caso específico do estado gaúcho, o instituto vem aprofundando a avaliação do impacto econômico causado pelo excesso de chuvas e inundações.
Barradas acentua que, "em junho, continuamos apurando as perdas no Sul e no cerrado".