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Câmbio preocupa muito os industriais

Alta do dólar eleva preocupação industrial com o câmbio | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

A cristalização da incerteza fiscal entre os agentes econômicos, que descambou na disparada do dólar, nas últimas semanas, fez com que a taxa de câmbio saltasse, da 17º para o 4º lugar no segundo trimestre (2T24), entre as principais preocupações de 19,6% dos industriais na atualidade, sobretudo pela alta 'intensa' e 'rápida' dos insumos. O dado faz parte da pesquisa 'Sondagem Industrial', divulgada na última sexta-feira (19), pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Sem contar com as mazelas cambiais tupiniquins, a carga tributária se mantém na liderança isolada do ranking de desafios da indústria, com 35,5% das respostas, seguida pela demanda interna insuficiente (26,3%) e pela falta ou alto custo da matéria-prima (23,1%).

Já o índice que remete ao 'preço médio dos insumos', teve forte avanço, de 56,8 pontos para 61,3 pontos, no comparativo trimestral (2T24/1T24), patamar só superado pelo registrado no segundo trimestre do 2022 (2T22), quando setor se ressentia da crise na cadeia de produção, afetada pela pandemia da covid-19.

De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, "a taxa de câmbio alta explica, ao menos, parte dessa percepção de maior pressão sobre os preços. Por isso, o problema ganhou tanta importância entre os principais enfrentados pelos empresários. Ao mesmo tempo, o alto custo da matéria-prima ganhou importância, se consolidando no terceiro lugar do ranking. É um cenário que acende um alerta, pois afeta a produtividade e a competitividade dos produtos brasileiros".

Nos demais índices, a comparação trimestral citada não apresentou variações expressivas. Um exemplo é do índice de satisfação com a situação financeira subiu 0,8 ponto, indo a 50,3 pontos, ficando acima da linha divisória que representa expansão.

Já o índice de satisfação com o lucro teve avanço discreto, ao passar de 44,4 pontos para 45 pontos, e o índice de facilidade de acesso ao crédito se manteve estável, com pequeno recuo de 0,2 ponto, para 41,3 pontos.

Referencial de planejamento empresarial, o índice de evolução do nível de estoques caiu de 48,9 pontos para 48,2 pontos, em junho.