Por Marcello Sigwalt
Por considerarem 'insuficiente' a medida de congelamento de R$ 15 bilhões de verbas orçamentárias - a exemplo do que afirmou, no início da semana, o economista e ex-presidente da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto - economistas alertam para o risco iminente de rediscussão da mudança da meta fiscal, uma vez que as projeções de receitas do governo estariam 'superdimensionadas'.
A confirmação ontem do congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) foi considerada por economistas como 'medida positiva', porém insuficiente para que as contas públicas atinjam a meta de déficit zero.
Metafórica, a equipe de análise macro da consultoria XP traduziu o anúncio da Fazenda como 'um pequeno passo de um longo caminho a percorrer', com base em 'pequenos ajustes, em cada relatório bimestral, seja pelo lado das receitas, quanto das despesas'.
Visão similar apresenta a economista-chefe de Brasil da Galápagos Capital, Tatiana Pinheiro, para quem, o congelamento anunciado seria insuficiente. "Na nossa avaliação, o governo continua superestimando a arrecadação, de R$ 38 bilhões superior à nossa estimativa. Já revisão feita em despesas foi mais realista. Nossa estimativa de contingenciamento necessário é de R$ 33 bilhões".
Embora considere 'não desprezível' o volume de despesas discricionárias contingenciadas e bloqueadas, o chefe de macroeconomia do ASA, Jeferson Bittencourt, entende que o 3º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas não trouxe o conforto esperado.
No detalhe, os especialistas da XP acrescentam que as projeções de receitas se mantêm acima de suas expectativas. "Não houve entrada significativa de recursos provenientes do CARF, de operações tributárias ou de subvenções de ICMS no primeiro semestre deste ano