Por Marcello Sigwalt
Uma 'constelação' de fatores, que vão de 'ruídos políticos', incertezas fiscais, juros altos (lá fora e aqui), ofereceu o cenário sombrio 'perfeito' para a fuga em disparada dos recursos de investidores estrangeiros em Pindorama, cuja participação nos negócios nacionais despencou de 31%, no primeiro semestre de 2023 (1S23) para 16%, em igual período deste ano (1S24), aponta estudo elaborado pela consultoria Kroll.
Somente na primeira metade do ano, a saída de recursos externos do país atingiu o montante próximo de R$ 40 bilhões, movimento que se acentuou com a decisão do Federal Reserve (bc dos EUA) de segurar, em níveis elevados, os juros ianques.
Dados da Kroll mostram que, enquanto houve avanço de 1,9% das transações de M&A no primeiro semestre (1S24) no Brasil, correspondente a 674 operações, no mundo, as transações caíram 20% nesse mesmo período.
Para o chefe para Brasil e América Latina da consultoria, Alexandre Pierantoni, o aperto monetário em curso, seja no Brasil, como no resto do mundo, torna mais complexo o financiamento dos negócios.
Ante à realocação das cadeias de produção mundiais, Pierantoni avalia que grandes grupos 'não podem ficar parados', mas se movimentam no sentido de viabilizar novos negócios, mediante a compra ou fusão com outras empresas.
Já o chefe da área de M&A do Goldman Sachs do Brasil - um dos maiores bancos de investimento do planeta - Pedro Muzzi assinala que "investidores estratégicos que estão bem posicionados ou estão em condição financeira melhor estão se movimentando", acrescentando que muitos fundos de private equity, no momento, estão buscando levantar mais recursos, o que explicaria, em parte, tal 'pisada no freio'.