Por Marcello Sigwalt
Sem contar a elevada carga tributária (32,44% do PIB) - apontada por 28,3% dos industriais - e os juros elevados (Selic a 10,50% ao ano) - destacados por 24% dos industriais - a contratação de mão de obra qualificada (ou não) é a segunda maior dificuldade enfrentada pela indústria da construção (24,7% dos industriais) para a alavancagem do crescimento do setor, conforme aponta a Sondagem Indústria da Construção, divulgada, nessa segunda-feira (29) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Na comparação do segundo com o primeiro trimestre (2T24/1T24), o problema da escassez de mão de obra avançou 9,9 pontos percentuais.
Como resultante, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Construção baixou 1,1 ponto, na passagem de junho a julho, caindo de 52,9 pontos para 51,8 pontos, queda associada ao declínio de 2,3 pontos (47,8 pontos para 45,5 pontos) do Índice de Condições Atuais, que serve de termômetro da percepção dos empresários sobre as condições atuais da economia brasileira e da empresa.
Também regressiva foi a avaliação das condições correntes da própria empresa, que recuou de 50,8 pontos para 49,3 pontos, de junho a julho.
Para a economista da CNI, Paula Verlangeiro, "as indústrias de construção demonstram que não estão conseguindo atrair e reter trabalhadores mais jovens, pois eles estão preferindo outras carreiras", explica a economista da CNI, Paula Verlangeiro.
Ainda sobre o desempenho do segundo trimestre (2T24), a percepção de que a alta de preços dos insumos e matérias primas foi mais intensa e disseminada entre os empresários da construção, ao subir de 58,6 pontos para 61,8 pontos.
Ao mesmo tempo, quesitos como insatisfação com a margem de lucro operacional e situação financeira apresentaram 45,6 pontos e 48,7 pontos, respectivamente, no 2T24.
Mesmo ante variáveis negativas, a intenção de investimento continua elevada, pois esta se manteve em 46,6 pontos, nível superior ao de julho de 2023 (46,0 pontos) e de igual mês de 2022 (45,0 pontos).