Por Marcello Sigwalt
Face à deterioração do cenário econômico, acentuada pelo crescente desajuste fiscal (em que os resultados positivos da arrecadação são anulados pela 'volúpia perdulária' do Planalto, 'de olho' nas 'iminentes' eleições municipais), a expectativa de agentes do mercado financeiro é de que, ao cabo da sua segunda reunião, nessa quarta-feira (31), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) deverá manter, por unanimidade, em 10,50% ao ano a taxa básica de juros da economia (Selic), com viés conservador.
Isso porque a decisão do colegiado, todavia, deve vir acompanhada de um 'alerta' quanto à possibilidade de a Selic voltar a subir de patamar, em decisões futuras, a depender da evolução dos indicadores macroeconômicos, a exemplo das expectativas de inflação e as recorrentes incertezas (ou desconfianças) que pairam no que toca ao cumprimento do arcabouço fiscal e a 'promessa' de déficit zero, de concretização cada vez mais distante.
Para a economista sênior, Thaís Zara, "os modelos do Banco Central provavelmente apontarão para uma inflação ainda elevada nos próximos dois anos, e isso dificulta a redução da Selic".
Mais conservador, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, admite, até, que o comitê pode, inclusive, decidir dar mais um 'aperto monetário', por meio de elevação da Selic. "Teremos muita turbulência pela frente e o câmbio vai ficar mais alto do antes, o que, junto com o fiscal mal encaminhado, pressiona a inflação. Por conta disso, o risco é o Banco Central ter que subir a Selic este ano. A possibilidade de alta é maior do que a de baixa".
Já o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, entende que "o governo precisaria adotar medidas fiscais mais robustas".