Embora 'não acredite que isso vá acontecer', o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, apontou que o 'culpado exclusivo' por uma eventual perda de autonomia do Banco Central (BC) seria seu próprio presidente, Roberto Campos Neto.
A indignação do líder industrial decorre de declarações feitas por Campos Neto, no sentido de que a autoridade monetária poderá elevar a taxa básica de juros (Selic), postura que, segundo Silva, contraria a orientação chamada 'forward guidance' - normalmente feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom), sobre os passos futuros da política monetária - que acabou sendo feita durante um evento externo, para surpresa de um dos diretores do BC, que o acompanhava na ocasião.
Mas a metralhadora verbal do presidente da federação industrial mais poderosa do país também foi direcionada ao mandatário da República, "que politizaria a questão relacionada aos juros, quando faz críticas públicas ao banqueiro central". Neste aspecto, Silva entende que falta ao seu 'homônimo' de sobrenome a companhia de seu pai, o empresário José Alencar, já falecido, que fora vice-presidente em mandato anterior do petista.
A respeito das dificuldades enfrentadas pelo setor industrial, Gomes da Silva assinalou que a redução da taxa de juros figura entre os fatores que mais contribuem para o baixo crescimento da indústria, sem contar a elevada carga tributária.
Na sua avaliação, o país precisaria contar com uma taxa de juros e uma carga tributária lineares para todos os setores econômicos, e não somente para a indústria. (M.S.)