Setor portuário tem perdas de US$ 21 bi
Por Marcello Sigwalt
Em decorrência de uma série de gargalos associados ao processo de embarque e desembarque de cargas no país - que se acentuam no Porto de Santos, o maior da América Latina e responsável por 40% do volume nacional movimentado - as perdas no comércio exterior brasileiro são superiores a US$ 21 bilhões (vinculadas a exportações 'não efetivadas'), segundo estimativas levantadas por armadores (profissionais ou empresas que respondem pelo transporte marítimo), afiliados ao Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), além de donos de cargas de café reunidos no Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O prejuízo cavalar, porém, é refutado pela Autoridade Portuária de Santos (APS).
Como raiz do problema, executivos ligados ao Centronave e ao Cecafé apontam o 'esgotamento' da capacidade portuária brasileira, sobretudo, por parte do porto santista. Tal argumento se justificaria pelo fato de embarcações de contêineres de grande parte (navios de última geração) não terem condições de atracar, de forma regular. Como exemplo, as entidades citam navios com 366 metros de comprimento, com capacidade para transporte de 13 mil a 16 mil TEUS (unidade de medida do contêiner, equivalente a 20 pés, ou 6,1 metros de comprimento).
Em contraponto, a APS rechaça as críticas quanto à suposta limitação operacional do porto santista, ao informar que este possui 'plena capacidade' de atender a movimentação de contêineres, pelo menos, até 2030, mediante o uso dos terminais disponíveis atualmente. Estes, segundo a APS, suportariam a movimentação de 5 milhões de contêineres, em média, por ano. Em relação a 'inviabilidade' de receber navios de grande porte (366 metros), a autoridade portuária acentua que "o Porto de Santos já recebeu, ao menos, dois, este ano".
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, conta que "estamos ficando com carga no chão, sem poder embarcar", ao comentar o resultado de pesquisa junto a 30 exportadores de café, na qual, em 77% dos embarques nacionais, constatou-se piora na exportação do grão pelo porto santista.