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Analistas projetam aperto de crédito

Mais do que apenas sinalizar uma postura de cautela do Banco Central (BC) - seja pela incerteza global ou pelo renitente desajuste fiscal do país - a manutenção da Selic (taxa básica de juros), pela segunda vez seguida, no patamar de 10,50% ao ano permite antever um novo ciclo de aperto de crédito, prenunciado pelo fato de os empréstimos fecharem o primeiro semestre (1s24) em um ritmo de crescimento próximo de 10%, ante igual período do ano passado (1S23).

Essa é a avaliação de economistas, ao preverem que, nos próximos meses, o consumo deverá 'perder fôlego', uma vez que o saldo de operações de crédito, acumulado em 12 meses, apresentou elevação de 9,9%.

A escalada dos juros pode ser medida, ante à constatação de que o percentual cobrado pelos empréstimos, em janeiro deste ano, não passava de 7,7%, avançando ao longo dos meses, em compasso com o crescimento da demanda doméstica no primeiro semestre (1S24), 'puxada' pelo consumo das famílias.

Dinâmica similar pode ser observada na taxa das concessões de crédito (desembolsos de empréstimos injetados na economia), que exibiu avanço de 9,3% em 12 meses, com destaque para a alta de 7,3% nas operações com empresas e de 11,0% com as famílias.

O economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, prevê que as taxas médias para os tomadores finais poderão cair, ainda que 'lentamente'.

Até junho, a taxa média para Pessoas Físicas (PF) com recursos livres bateu o nível de 57,1% ao ano. Segundo Bentes, essas taxas deverão baixar ao patamar de 49%, até dezembro próximo. (M.S.)