Uma suposta prática de dumping envolvendo o leite em pó importado da Argentina pelo país levou a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a solicitar ao governo brasileiro a abertura de investigação, a fim de atestar a fraude, sob o argumento de que "a internalização de leite em pó subvencionado argentino prejudica a produção de leite nacional, reduz as margens dos pecuaristas e limita o crescimento do setor".
Em nota, a entidade revela ter encaminhado petição ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com pedido de urgência, sob o "argumento de que a produção de leite argentina vem sendo subvencionada pelo governo platino, o que estaria causando distorções no mercado". Em geral, um processo de investigação como esse demandaria até 90 dias para ser aberto pelo Executivo.
No comunicado, o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, Guilherme Dias, acentua; "Em que pese a prevalência do livre mercado, a Argentina, principal país de origem, responsável por metade do volume, aplicou subsídios diretos à produção de leite, gerando artificialidade nos preços e concorrência desleal com o produto brasileiro".
Segundo estudo da CNA, no ano passado, o país importou o volume recorde de 2,18 bilhões de litros de lácteos em 2023, ante os 4,29 bilhões de litros, considerando os dois anos anteriores. Atualmente, o leite em pó é o principal produto lácteo importado, pois corresponde a 71% dos lácteos adquiridos externamente pelo país no ano passado.
Do total de lácteos importados pelo Brasil, 97% correspondem ao Mercosul. (M.S.)
