Por:

IPCA 'bate' na meta e deverá induzir o Copom a subir Selic

Por Marcello Sigwalt

Pedidos de cautela à parte, em tom de quase 'apelo', emitidos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad - ao se reportar a eventuais avaliações sobre a inflação no mês passado - o fato incontestável é que o aumento, de 4,23% para 4,50%, do IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, na passagem de junho para julho, além de atingir o teto da meta de inflação, de mesmo percentual, acendeu o 'alerta' para o descontrole da escalada da carestia tupiniquim.

Nem mesmo o argumento que dá conta do caráter sazonal dos reajustes de preços da gasolina, passagens aéreas e da energia elétrica em julho - que turbinaram o indicador oficial de inflação, de 0,21% em junho, para 0,38%, no mês passado - se sustenta, uma vez que a taxa acumulada em 12 meses avançou, pelo terceiro mês seguido.

Como consequência, a ascensão dos preços deve pressionar, ainda mais, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC), na reta final deste ano, a retomar a alta da Selic (taxa básica de juros) - hoje em 10,5% ao ano (a.a.) - o que o economista-chefe da corretora Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, classificou como 'piora na qualidade do cenário inflacionário', para quem "devemos ver uma continuidade desse momento negativo ao longo do segundo semestre de 2024. Cenário ruim para o Copom, vai ser pressionado no fim desse ano, não sei se o suficiente para subir juros, mas vai suar frio".

Em contraponto, a economista-chefe da gestora Galápagos Capital, Tatiana Pinheiro, embora admita que o IPCA de julho tenha superado o que chamou de 'consenso do mercado', os números teriam ficado 'em linha' com o esperado.