A deterioração fiscal do país está se agravando rapidamente, em que as despesas federais vêm aumentando, em nível sempre superior ao da inflação, observa o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, ao argumentar que velhas práticas, como indexações e vinculações orçamentárias foram retomadas.
Ao participar do 23º Fórum Empresarial Lide, no Rio, Megale ressaltou a necessidade de maior atenção para a 'trajetória crescente dos gastos públicos'.
"O nosso orçamento é muito engessado, as despesas crescem como se fossem um software que aumenta as nossas despesas automaticamente e sempre acima da inflação", assinalou
Entre os problemas 'crônicos' no caminho do equilíbrio fiscal, o executivo apontou a indexação da Previdência ao salário mínimo. "E isso está piorando, em vez de melhorar: a gente piorou isso recentemente, indexou mais a Previdência", afirmou, acrescentando que "tem esse debate do salário mínimo. Independente do mérito no salário mínimo, a gente tem uma implicação matemática de fazer com que o gasto de Previdência, que é o nosso maior gasto, cresça aceleradamente. Retomamos vinculações que tinham ficado para trás no passado e voltaram".
A 'anemia' de investimentos pelo setor público foi, igualmente, lembrada por Megale, para quem "o país precisa respirar do ponto de vista orçamentário" para voltar a ter investimento público. Segundo ele, "a gente precisa retomar a capacidade de investimento de gasto público. O pouco que sobra das despesas discricionárias, boa parte já foi tomada por emendas parlamentares, que cresceram bastante".
