Em decisão unânime, Copom mantém Selic em 10,50% a.a.
'Incerteza global' e 'viés altista de inflação do país' são fatores
Por Marcello Sigwalt
Como havia previsto o mercado na véspera, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC), em decisão unânime, manteve em 10,50% ao ano (a.a.) a taxa básica de juros, conforme nota divulgada, nessa quarta-feira (1º).
Acentuando o alto grau de "incerteza do cenário global", o colegiado admite que o cenário doméstico é marcado pela "resiliência da atividade, elevação das projeções de inflação e por expectativa 'desancorada', o que demandaria um acompanhamento 'diligente' e ainda mais cautela".
O Comitê também entende que "a política monetária deve se manter 'contracionista' (leia-se, juros elevados) por tempo suficiente em patamar que consolide, não apenas o processo de desinflação, mas a ancoragem das expectativas em torno da meta". E deixa uma mensagem clara: "o comitê se manterá vigilante, em que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência de inflação à meta".
Ao ressaltar que "o conjunto dos indicadores econômicos e do mercado de trabalho seguem com dinamismo maior que o esperado", o comitê avalia que a "desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente ficaram acima da meta de inflação, em divulgações recentes".
Entre os fatores de risco para a inflação, o Copom elenca: desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada devido a um hiato do produto mais apertado e políticas econômicas externa e interna com impacto inflacionário, por meio da depreciação 'persistente' do câmbio.