Campos Neto: "juro não é exorbitante"

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"Embora absurdamente alta, não é possível afirmar que a taxa de juros seja exorbitante, apesar de uma inflação muito baixa".

A declaração, de sentido questionável, é da lavra do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao emendar que, nos últimos cinco anos (2019-2024), o país exibiu uma menor inflação, ante uma menor taxa de juros.

Convidado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados para falar, em audiência pública, sobre a autonomia financeira do BC e a atual taxa de juros, o dirigente central argumentou que, "na verdade, a gente tem é uma taxa Selic menor do que a média [10,50% ao ano] e uma inflação menor do que a média [projetada em 4,20% para este ano pelo Focus-BC], ainda mesmo passando por um período de inflação global muito grande".

Ao admitir que é 'preocupante' o processo de desancoragem das expectativas de inflação, mesmo que a inflação 'implícita', após subir, dê 'sinais de estabilização'. Tal cenário, segundo ele, não tem impedido a convergência da inflação à mera, com custo baixo, tanto no emprego, quanto no Produto Interno Bruto (PIB), a reboque de 'surpresas positivas' por parte do mercado de trabalho e da massa salarial.

Em defesa da independência da autoridade monetária, Campos Neto citou "uma pesquisa feita para a América Latina, segundo a qual, quanto mais independente é o Banco Central, menor é a inflação. A gente consegue ver aqui através dos anos".

Reforçando sua tese, o presidente do BC exibiu um gráfico com a informação de que 74% dos bancos centrais defendem a autonomia financeira.