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Mercado vê BC como 'autor de ruídos'

De tanto bater na tecla de que o 'excesso de ruídos' emitidos pelo Planalto contribuía para afetar a política monetária, o Banco Central (BC) agora se tornou alvo de crítica de gestores de fundos multimercados para quem a autoridade monetária 'tem falhado' na sua comunicação com o setor privado.

Na avaliação do sócio-fundador e gestor da Genoa Capital, André Raduan, por não fornecer mais guidance (perspectiva para o trato dos juros básicos da economia, a Selic), o BC agora tem sido obrigado a dar mais explicações que o usual ao mercado, o que traz 'muito ruído'.

"Tem diretores que olham mais fatores externos, enquanto outros olham dados internos. Isso tem atrapalhado a comunicação do Banco Central", observou Raduan, ao participar de palestra na Expert XP 2024, em São Paulo. Segundo ele, o atual cenário, marcado por volatilidade, também 'não tem ajudado' o BC em sua comunicação.

O CIO da Legacy, Felipe Guerra, lembrou que os diretores do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), ao contrário de seus pares do BC brasileiro, divulgam discursos por escrito, cujo teor é seguido fielmente por eles. "Aqui no Brasil o mesmo diretor acaba falando três vezes no mesmo dia em eventos diferentes. Há uma comunicação excessiva", criticou.

Após uma sequência de quatro pregões de valorização do dólar (indo a R$ 5,74), e em meio ao dissenso sobre a necessidade ou não da intervenção cambial, o BC realizou um leilão de venda de dólares à vista, na última sexta-feira (30), cujo comunicado limitava a compra a US$ 1,5 bilhão.