Por:

Inflação deverá ficar acima da meta

Embora o Focus tenha 'aliviado' a estimativa do IPCA (indicador oficial de inflação), para 4% em 12 meses, a relação entre déficit primário e PIB passou a 0,6% para o fim de 2024 e em 0,75% em dezembro do ano que vem.

Mas considerando o tom adotado pelo Copom, de que 'tudo estaria em aberto' na reunião em curso, as previsões de analistas passaram a considerar uma alta de até 0,75 p.p. da Selic. Conscientes de que tal expectativa estava ganhando corpo, diretores e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, procuraram 'esfriar' a temperatura do mercado.

O fato é que, apesar da deflação exibida em agosto último, o entendimento de agentes de mercado é de que o viés de recuo inflacionário não deve ser suficiente para evitar que o IPCA continua acima da meta, mesmo diante dos esforços do BC.

Além da 'persistente desancoragem de expectativas', também exerce pressão pela alta da Selic a cotação do dólar acima de 5,50 reais, o forte crescimento econômico, o mercado de trabalho 'aquecido', além da expansão da renda e 'resiliente' fragilidade fiscal do país.

Em relatório, o Itaú acentua que "o impacto desse ciclo de alta na economia deve começar a aparecer no primeiro semestre do ano que vem, com a atividade econômica desacelerando gradualmente, o que pode abrir espaço para futuros cortes de juros na segunda metade de 2025".

A última vez que o Banco Central elevou os juros foi em agosto de 2022, quando estes foram elevados em 0,25 ponto, chegando a 13,75% ao ano, quando o IPCA estava em 8,73%.