Em dia de inapetência por risco na B3, desconectada da disparada de preços dos ativos listados em Nova York - especialmente os de tecnologia (Nasdaq 2,51%), mais sensíveis no curto prazo aos juros norte-americanos - prevaleceu na Bolsa brasileira o sentimento pós-Copom, combinado, de certa forma, com o pós-Fed, fazendo com que o Ibovespa recuasse 0,47%, a 133.122,67 pontos.
Na 'Terra de Tio Sam', as dúvidas sobre recessão ficaram para trás, e com sinais mais amenos sobre a inflação, espera-se que o BC americano mantenha os cortes de juros - que beneficiaria emergentes, como o Brasil, e não somente ativos de risco ianques. Por aqui, embora Selic mais alta possa atrair recursos para renda fixa, o olhar imediato para o comunicado do Copom foi de alerta para a mudança na visão do BC sobre o hiato do produto, de neutra para o campo positivo, combinada também à assimetria altista destacada no balanço de riscos, observa Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.
Assim, a curva de juros doméstica avançou neste pós-Copom, com olhar detido do mercado sobre a elevação da projeção do Comitê, ainda que leve, na estimativa para o IPCA no horizonte relevante da política monetária, até o primeiro trimestre de 2026.
O conjunto da obra, no comunicado, é de um BC ainda hawkish (de mais austeridade) na transição de comando que se avizinha, no fim do ano.
Nesse contexto, avançam apostas de dois aumentos 'mais graúdos' da Selic, de meio ponto porcentual cada, o que colocaria a Selic a 11,75% no fim do ano, chegando a 12% ao ano, na reunião seguinte.