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BC reforça tendência de alta da Selic

Se depender do agravamento das incertezas no quadro fiscal, a tendência é de que aumente a necessidade de o Banco Central (BC) eleve, ainda mais, a taxa básica de juros (Selic), hoje em 10,75% ao ano. O recado expresso é do (ainda) presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao comentar as perspectivas de inflação - crescentes, segundo o mercado financeiro, pelo boletim semanal Focus - atividade econômica aquecida, além de mercado de trabalho e renda idem.

"Não existe harmonia monetária sem harmonia fiscal", sentenciou o dirigente central, ao participar, na última sexta-feira (27), de evento com investidores, onde ficou evidenciada a preocupação do BC com relação às contas públicas e a (in)capacidade de o governo cumprir o arcabouço fiscal. Aqui a conta é simples: mais déficit significa mais juros, por trazer menos segurança aos investidores. E pela cartilha pragmática do mercado, 'quanto mais nebuloso é o cenário, mais o mercado quer receber, por um risco que entende ser crescente'.

Para reforçar a perspectiva, Campos Neto lembra que "em todos os momentos da história recente do país, foi possível reduzir juros, mediante aplicação de taxas mais baixas, em associação a 'choques positivos no fiscal'.

Ainda abordando a questão fiscal, ao comentar os contrastes entre as estimativas fiscais oficiais e às do mercado, o presidente do BC observou que, em grande parte dos cenários, a dívida continua subindo.

Mais especificamente com relação ao PIB, o dirigente previu que este deverá crescer até 3,2% este ano, superando os 3% estimados anteriormente, pelo Focus. (M.S.)