PF promete 'fechar o cerco' contra bets

Exemplo de 'furos' decorrentes da atual regulamentação, há o fato de que as apostas online se aproveitarem de 'brechas' na Lei Eleitoral para 'criar' um novo tipo de mercado.

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Profusão de crimes ligados a bets acende alertas às autoridades

Por Marcello Sigwalt

A recorrente frequência de casos envolvendo a triangulação formada pela criminalidade (aqui incluídas as chamadas influencers)-bets (apostas online)-lavagem de dinheiro se tornou alvo de preocupação da Polícia Federal (PF), que pretende 'fechar o cerco do fluxo econômico do crime organizado, admitiu, ao jornal Estadão, o diretor do órgão, Andrei Rodrigues.

Durante jantar promovido pelo grupo 'Esfera Brasil', na última quinta-feira (12) - Rodrigues foi direto: "Precisamos fechar o cerco ao fluxo econômico do crime organizado, de bilhões e bilhões, a partir da investigação financeira, da cooperação internacional, da capacitação e de parcerias de entre empresas privadas e a Polícia Federal",

Exemplo de 'furos' decorrentes da atual regulamentação, há o fato de que as apostas online se aproveitarem de 'brechas' na Lei Eleitoral para 'criar' um novo tipo de mercado, ofertando prêmios a quem acertar quais serão os vencedores das eleições às prefeituras de São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Sintomaticamente, após a publicação da reportagem, três das cinco bets que promoviam tais apostas cancelaram o serviço.

Indo mais fundo no tema, o chairman do Esfera, João Camargo, e o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, chamaram a atenção do diretor da PF que o maior risco das bets é no longo prazo. Além de legalizar um crime, antes restrito à contravenção, drenaria dinheiro empregado no consumo de bens e serviços. Isso sem contar com o dano social, de pessoas viciadas em apostas que deixam de comer, quando não perdem a casa própria.

Enquanto o empresariado cobra do governo 'medidas mais efetivas, que não pode se justificar pela arrecadação de impostos que proporciona, o Ministério da Fazenda, por sua vez, emitiu nota do tipo 'em cima do muro', ou seja, não respondem aos alertas do segmento produtivo, mas se limita a afirmar que "apostas sem relação com temática esportiva ou jogos online não são previstas pela legislação, não podendo ser assim entendidas como legalizadas nem em fase de regulação ou adequação".